1. Como você vê, hoje, a normalização de terapias alternativas, como a cannabis medicinal, para inúmeras patologias clínicas — que vão desde o autismo até o tratamento de depressões resistentes a medicamentos convencionais? Você conhece alguém próximo que já tenha feito uso da cannabis medicinal e obtido benefícios para a saúde?

O avanço do uso medicinal da cannabis já é uma realidade no mundo todo há algum tempo. Isso não é mais teoria nem fase de testes; já existem aprovações da própria Anvisa. Eu conheço várias pessoas que utilizam, inclusive parentes, em casos como autismo, depressão e outras patologias psicológicas e neurológicas. O Brasil não pode perder tempo — precisa avançar nesse sentido.

Complementando, sobre as possibilidades do uso do cânhamo, todo o figurino nosso e dos músicos do Acústico Ira! – 20 anos é produzido pela King55, uma loja vegana que oferece artigos, calçados e roupas feitos com esse material. Eu mesmo compro minhas roupas lá. São peças muito legais e, em sua maioria, feitas de cânhamo.

2. Você acredita que a cannabis medicinal e as novas terapias com o uso de psicodélicos são aliadas importantes no tratamento de pacientes com problemas toxicológicos ou de saúde mental?

Eu não tenho um aval médico para falar sobre isso. Seria importante ouvirmos autoridades da medicina a respeito. Existem diferentes graus de adição: não se pode comparar uma pessoa que fuma seu baseado com alguém que está na Cracolândia. Há etapas na evolução de uma dependência química, e os tratamentos são diferentes.

Por isso, espero uma posição clara da medicina sobre o assunto, pois nunca ouvi uma de forma definitiva. De maneira geral, sou a favor da regulamentação da venda de maconha. Não é apenas a minha opinião; autoridades que combatem o narcotráfico no mundo inteiro afirmam que a “guerra às drogas” é um fracasso. Ela fortalece os cartéis e não traz benefícios concretos no combate.

Acredito que a maconha deveria ser tributada e vendida em locais específicos, como acontece em diversos países, incluindo alguns estados dos Estados Unidos, como a Califórnia. Isso permitiria ao governo estadual controlar não apenas a qualidade, mas também recolher impostos que poderiam ser destinados a pessoas que realmente precisam de tratamento para algum tipo de dependência.

3. O IRA Folk! sempre volta à pauta desde os anos 80 e continua conquistando novas gerações de fãs. O que o público pode esperar do show?

É muito gratificante participar de um evento como este. Tenho certeza de que encontraremos um público libertário e democrático — e não um público ranzinza, de mal com a vida. Isso cria um ambiente muito positivo para o nosso show.